sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

As Diferenças

Numa aula de Português da turma de cozinha 2, a professora propôs aos alunos que criassem uma estória a partir de uma imagem. A imagem era vaga, podendo gerar um sem número de narrativas! Dos trabalhos corrigidos, a professora selecionou a estória do Fábio Ferraz! O texto segue neste blogue para que seja partilhado "ao mundo", uma vez que está muito bonito!


Ah! Estória escrita com "e" é toda aquela que é ficcional, inventada por alguém. Se a escrevemos com "h" é toda aquela que é real, documentada! Giro, não?!

Rita Almeida





As diferenças 

Era uma vez, numa tribo situada a sul da África, um rapaz de seu nome Dumbia, que não percebia por que motivo é que havia diferenças entre brancos e negros. Perguntava-se todos dias por que é que os pais das crianças não as deixavam brincar com ele e o tratavam sempre mal. Mas havia um menininho branco, chamado Jhimi, filho do homem mais influente da sua vila, que fugia sempre para brincar com Dumbia sem seus pais se aperceberem. 

Eram muito felizes quando se encontravam, era como se as diferenças entre eles não existissem. Era um mundo à parte da realidade onde viviam, onde os problemas ficavam todos de fora... Brincavam horas a fio sem se cansarem. 

Brincavam, saltavam, iam à pesca, eram como irmãos. Quem os via a brincar dizia que aquela amizade era a mais bela que algum dia iriam ver. Era uma amizade pura, sem maldade, ambos tinham um brilhosinho nos olhos. Faziam promessas que nunca se iriam separar, que iam viver sempre naquele mundo... um mundo que lhes pertencia. 

Certo dia, o pai do Jhimi foi chamado à escola por o seu filho faltar sucessivamente. Ele disse que isso era impossível pois trazia sempre o seu filho para escola antes de ir trabalhar. 

No dia seginte o pai do Jhimi foi levá-lo à escola desconfiado... E resolveu segui-lo. Seguiu-o até um rio onde o Jhimy e o Dumbia se encontravam. 

Quando viu que o seu filho ia ter com uma criança de cor, ficou furioso e saiu do carro. Deu duas chapadas ao seu filho e disse-lhe para nunca mais se encontrar com o Dumbia. Ele chorou, chorou sem parar, não por ter levado as chapadas, mas por nunca mais poder estar com o seu melhor amigo. 

Sempre que perguntava ao pai se podia ir brincar com Dumbia, o seu pai não hesitava em dizer que não e ele perguntava o porquê e o seu pai dizia-lhe que brancos e negros não eram do mesmo patamar, que os brancos que se davam bem com negros eram mal vistos na sociedade. 

Passaram-se duas semanas sem se verem. Ambos estavam angustiados. Foi então que o Jhimy decidiu fugir de casa. Foi até ao lago onde ele e o seu amigo Dumbia se encontravam e, pelo caminho, foi mordido por uma cobra venenosa que o podia levar à morte se não fosse salvo a tempo. 

Dumbia teve um pressentimento muito mau e foi até ao rio onde o viu desmaiado. 

Os pais de Jhimi deram pela sua falta e lançaram o pânico na vila à procura do filho. 

Dumbia levou o jhimy para a sua tribo onde havia um curandeiro que estava acostumado a tratar de mordidas de cobras venenosas. Dumbia foi chamar os pais do Jhimi que foram aflitos em direção à tribo. Quando lá chegaram, não quiseram saber das pessoas que tinham salvo a vida do seu filho, repetindo sucessivamente “a culpa é vossa, raça maldita”.Levaram o seu filho para o hospital mais próximo. Mantiveram a espera durante horas, até que viessem dar notícias. 

Quando chegou o doutor com notícias, disse que se não fosse o curandeiro, àquela hora já o filho estaria morto. O pai de Jhimy, percebendo que cometeu uma injustiça em desrrespeitar os da raça negra, correu para a tribo e pôs-se de joelhos perante todos, dizendo: 

-Perdoai-me. Fui injusto perante vós... Se não fosse a vossa tribo, o meu filho estava morto.A partir deste dia, o direito vai ser igual perante os negros e brancos. 

A partir desse dia Jhimy e Dumbia brincaram, saltaram, faziam tudo juntos sem que ninguém estivesse contra. Agora tudo era real! Os sonhos! Tudo! 

A terra onde brancos e negros viveram em igualdade, sem reticências. 

E onde Jhimy e Dumbia viveram felizes para sempre. 

Fim 

Fábio Ferraz, novembro de 2013

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